quarta-feira, 3 de março de 2010

La Dernière Résistance

Sinto-me em terrível clausura, o habitual tempo que  outrora me era tão importante
Sinto-me o leve despir, dos sonhos das esperanças, eu já avia morrido ou pelo menos a maior parte de mim.

Ali naquele campo sem flor sem carmagnole existia apenas dor, homens e mulheres vitimas do absurdo, se não fosse trágico seria cômico, seria. Checará até a inventar uma liberdade para me distrair, mais era em vã essa minha fuga, verdadeiramente desoladora, sabia que resistir era só o que podia fazer.

E o habitual tempo foi se arrastando era um sinal era um sinal que os segredos permaneciam preservados. Os gritos já não me causam o mesmo impacto que antes, só as lagrimas ainda me eram comoventes, me acostumará ao cárcere ao inferno ao frio da alma que me seguia por todas as estações, eu permanecia ali recluso, destituído, tudo estava perdido uma nação estava perdida.

De manhã gritos a tardizinha bombas e tiros e a noite monstros de todas as espécies. De tempo em tempo eu era incomodado por um par de olhos azuis que sempre me enganará com sua clareza, mais era apenas um par de olhos alvos e um coração escuro. Apenas. E assim foi se desenrolando com salva de glorias a historia de uma guerra cheia de ideais, de moribundos, cheio de hereges.

Não por falta de bravura, nem por covardia, apenas por não ser forte o bastante, mais eu tive um sonho em uma daquelas minhas noites cheias de monstros, em que um dia não muito distante desse meu habitual tempo aquele mesmo par de olhos tão persuasivos iriam me noticiar em tom de alivio “A guerra acabou, viva a resistência.”

E então eu poderia dar meu ultimo suspiro, mesmo sabendo que levantar-se é tão doloroso quando cair mesmo sabendo que muitos não serão se querem lembrados.
Más eu sei, eu resistir, eu não posso respirar aliviado, ainda tenho muitos sonhos aqueles quais um dia me despir, tenho uma nação para reconstruir uma guerra para retratar.

Leandro Goulartt
 
"Toda noite, durante o último turno, tem havido sinfonia. Da janela do hall da escada, vê-se uma claridade vermelha, a luz dos obuses e dos holofotes deixa o céu listrado. Uma hora dizem que é Duisburg, noutra, que é Essen ou Düren que arde em chamas."
Resistência

(Agnès Humbert)

Um comentário:

  1. Tenho sérias dúvidas quanto nossa liberdade. Somos de fato livres? Inclino-me a achar que não. O texto me emocionou. O campo de flores substituído por um pântano de dores é o que volta e meia enfrentamos. Já me deixei enganar por um lindo par de olhos azuis acima de um coração feio e implacável. E custei a me libertar do pântano. A existência do pântano, entretanto, é importante, para que eu consiga valorizar o campo de flores. Continuo na resistência.

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