domingo, 30 de maio de 2010

SONHOS CONTRÁRIOS




Tenho sonhos insertos, daqueles que não dizem nada
Tenho imagens afloradas que saltam aminha mente 
Eu posso, durmo, exalto esse meu profundo mar de coisas exóticas
Hoje eu sonhei com elefantes e dragões, com tulipas delicadas

O menino corre púrpuro, o cavalo voa alto
mãos no rosto exala preocupação
Sento a beira desse rio
e minha face mistura-se a aquelas águas solitária
Eu procuro por vastidão pela danças dos flamingos
por rastro de algum anjo  por atalho  algum caminho
por um ninho quente e confortável

Sempre me vi assim uma janela para o Indivisível
Não me preocupo mais com a destreza dessa sua lúdica arte
Dessa sua arte de me vê e fingir que não viu
Não me alimento mais do néctar  dessa sua flor murcha
sem coloração, somos tão ocos como  aqueles sonhos extintos

Tenho sonhos em que vejo estranhas flores
estranhos beija-flores estranhos arco-íris
E essas coisas traduzem minhas vontades insertas
meus erros tão certos meu ego meu egoéegoísta

Daqui eu posso ver tão longe  
posso ver um mundo de coisa
que estão fora desse nosso mundo
Se quiser eu posso de mostra 
posso imaginar você aqui ao meio as flores campestres

Tenho sonhos contrários aqueles pesadelos insanos
mensagens, palavras, cheiro, rios
Hoje eu sonhei com elefantes e dragões com tulipas delicadas
Eu me alimento dessas coisas retrospectivas, introspectivas, eu posso, eu durmo, eu sonho

Leandro Goulartt

"... fica sempre a certeza de que se dormiu e se sonhou."
Clarice Lispector